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Terapia Manual em Bebês com Assimetria Postural: Benefícios Cientificamente Comprovados

  • Foto do escritor: Guilherme Amorim Ubiali
    Guilherme Amorim Ubiali
  • 17 de jul.
  • 3 min de leitura

Por Dra. Maristela Brandieri – Fisioterapeuta Osteopata, Mestre em Terapia Manual


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A assimetria postural em bebês é um achado clínico frequente nos consultórios pediátricos e fisioterapêuticos, e muitas vezes está associada a condições como plagiocefalia posicional, torcicolo congênito e preferência postural mantida. Esses padrões assimétricos, ainda que inicialmente discretos, podem se acentuar rapidamente se não forem tratados de forma precoce e adequada, impactando o desenvolvimento motor, a organização postural e até mesmo funções como sucção, deglutição e respiração.

A terapia manual tem se mostrado uma das abordagens mais seguras e eficazes no manejo dessas disfunções, principalmente quando aplicada por profissionais especializados em pediatria. Embora seu uso já seja amplamente difundido na prática clínica, até recentemente havia uma lacuna de estudos com rigor metodológico que comprovassem sua eficácia por meio de evidência científica sólida. Essa lacuna começou a ser preenchida com um estudo publicado em 2021 na revista Manuelle Medizin, conduzido por Robby Sacher e colegas, na Alemanha.

O objetivo do estudo foi avaliar o efeito de uma única sessão de terapia manual em lactentes com assimetrias posturais e preferência posicional evidente. Foram selecionados 72 bebês entre 14 e 24 semanas de vida, todos diagnosticados com padrão postural assimétrico. Os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um grupo de intervenção, que recebeu uma sessão de terapia manual específica, e um grupo controle, que não recebeu tratamento adicional naquele momento.

Os resultados foram expressivos. Após um período de 4 a 6 semanas, os bebês que receberam a intervenção apresentaram melhora significativamente maior no índice de simetria corporal, com uma redução média de 4,9 pontos no escore de avaliação, em comparação a 2,9 pontos no grupo controle. Mais do que números, essa melhora clínica representou mudança funcional: 70% dos bebês do grupo tratado deixaram de atender aos critérios clínicos de necessidade de tratamento, enquanto apenas 44% do grupo controle evoluíram espontaneamente nesse mesmo período.

Outro ponto de destaque foi a segurança do método. Nenhum dos bebês do grupo de intervenção apresentou qualquer evento adverso após a terapia. Pelo contrário, a maioria dos pais relatou melhora visível na postura e mobilidade de seus filhos, em total consonância com os achados clínicos dos avaliadores. Isso reforça que a terapia manual, quando aplicada por profissionais capacitados, é uma estratégia terapêutica não invasiva, indolor e eficaz no manejo precoce das assimetrias posturais.

Além dos dados objetivos, o artigo ainda chama atenção para a importância da neuroplasticidade nos primeiros meses de vida. Essa fase representa uma janela crítica de desenvolvimento, em que pequenas intervenções podem gerar grandes impactos. A atuação manual tem como base princípios neurofisiológicos modernos, buscando não apenas restaurar a mobilidade articular e fascial, mas também reorganizar padrões proprioceptivos e motores no sistema nervoso central do bebê. A intervenção precoce, portanto, atua tanto na causa quanto nas consequências da assimetria.

Este estudo se soma a uma crescente base de evidências que apoiam o uso da terapia manual em bebês, demonstrando que é possível obter resultados significativos com intervenções breves e bem direcionadas. Embora muitos casos exijam acompanhamento contínuo e condutas combinadas, a pesquisa alemã valida a eficácia até mesmo de sessões únicas — especialmente quando o diagnóstico é precoce e a técnica é aplicada com precisão.

Diante desses dados, é fundamental que profissionais da saúde, pais e cuidadores reconheçam a importância de avaliar assimetrias posturais desde os primeiros meses de vida. A espera pode parecer confortável, mas o tempo é um fator determinante no sucesso terapêutico. A boa notícia é que, com abordagens baseadas em evidência como a terapia manual, podemos intervir de forma segura e efetiva, promovendo um desenvolvimento mais equilibrado e saudável para nossos pequenos pacientes.


Dra. Maristela Brandieri - Fisioterapeuta Osteopata – CREFITO 156255-F - Mestre em Terapia Manual (Universidad Europea de Madrid) - Especialista em Osteopatia Pediátrica


Referência:Sacher, R., Knüdelar, M., Wuttke, M., Wüstkamp, N., Derlien, S., & Louvodiki-Krug, D. (2021). Manual therapy of infants with postural and movement asymmetries and positional preference – Effects of one-time treatment. Manuelle Medizin, 59, 117–127. https://doi.org/10.1007/s00337-020-00760-9

 
 
 

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