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Os Riscos de Não Tratar a Assimetria Craniana em Bebês

  • Foto do escritor: Guilherme Amorim Ubiali
    Guilherme Amorim Ubiali
  • 17 de jul.
  • 3 min de leitura

Por Dra. Maristela Brandieri – Fisioterapeuta Osteopata, Mestre em Terapia Manual


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A assimetria craniana em bebês é frequentemente percebida pelos pais como um simples achatamento da cabeça — algo que “vai melhorar com o tempo”. Esse pensamento, embora comum, pode ser perigoso. A ideia de que o crescimento espontâneo resolverá a deformidade nem sempre corresponde à realidade, e ignorar o problema pode ter consequências importantes para o desenvolvimento motor, cognitivo e postural da criança.

A plagiocefalia posicional, uma das formas mais comuns de assimetria craniana, ocorre quando o bebê mantém por muito tempo a mesma posição ao deitar. O crânio ainda maleável se adapta à pressão contínua, resultando em achatamentos visíveis. Em muitos casos, isso está associado ao torcicolo congênito, que limita os movimentos cervicais e favorece posturas fixas. Embora essas alterações não representem risco imediato à vida do bebê, se não forem tratadas adequadamente e no tempo certo, podem trazer impactos duradouros.

Estudos apontam que crianças com plagiocefalia não tratada têm maior risco de desenvolver atrasos motores, dificuldades posturais, alterações na mastigação, deglutição e respiração. Um levantamento publicado na revista Pediatrics revelou que a assimetria craniana é um marcador significativo de risco para atrasos no desenvolvimento neuromotor e cognitivo (Collett et al., 2019). O estudo mostrou ainda que nenhuma das crianças com plagiocefalia avaliadas apresentava desenvolvimento avançado para a idade — o que reforça que não se trata apenas de uma questão estética.

Além disso, a assimetria não corrigida pode causar complicações ortodônticas e posturais a médio e longo prazo. O crescimento irregular do crânio pode afetar a mandíbula, os maxilares e, consequentemente, a mordida, exigindo tratamentos ortodônticos prolongados no futuro. Do ponto de vista postural, a criança pode desenvolver compensações musculares que afetam a coluna cervical, a pelve e até os membros inferiores. Em alguns casos, a assimetria facial também se acentua com o tempo, afetando a autoestima e a percepção corporal na infância e adolescência.

Outro risco pouco falado é o de superdiagnóstico de atrasos ou distúrbios que poderiam ser evitados. Um bebê que apresenta atraso para sentar, engatinhar ou se equilibrar pode estar apenas enfrentando limitações relacionadas à assimetria da cabeça ou do tronco. Com o crânio desalinhado, todo o corpo pode entrar em descompasso, criando dificuldades funcionais que poderiam ser prevenidas com uma simples avaliação precoce.

O tratamento da assimetria, especialmente nos primeiros meses de vida, é simples e eficaz. Envolve orientações posturais, fisioterapia e osteopatia pediátrica, além do uso de tecnologias como o scanner 3D, que permite uma análise precisa da deformidade e o acompanhamento da evolução. Em casos mais severos, a órtese craniana (capacete) pode ser indicada, com excelentes resultados quando usada no tempo correto.

Infelizmente, quando os pais chegam ao consultório após os 9 ou 12 meses de idade, as possibilidades de remodelação craniana já são mais limitadas. O que poderia ter sido resolvido com poucas sessões passa a exigir um plano terapêutico mais longo e, em alguns casos, os efeitos tornam-se permanentes.

O que defendo como profissional é que não devemos normalizar a assimetria craniana como algo “do desenvolvimento” que se resolve por si só. O acompanhamento especializado é essencial para distinguir o que é uma variação normal da anatomia e o que é uma alteração funcional que pode impactar a criança por toda a vida.

Por isso, ao notar qualquer achatamento na cabeça do bebê, preferência postural, inclinação constante da cabeça ou dificuldade para girar o pescoço, procure uma avaliação especializada o quanto antes. O cuidado no tempo certo pode evitar problemas futuros e promover um desenvolvimento pleno e saudável.


Dra. Maristela Brandieri - Fisioterapeuta Osteopata – CREFITO 156255-F - Mestre em Terapia Manual (Universidad Europea de Madrid) - Especialista em Osteopatia Pediátrica


Referência científica:

Collett, B. R., Wallace, E. R., Kartin, D., et al. (2019). Plagiocephaly and developmental delay: A systematic review. Pediatrics, 144(6), e20183423.

 
 
 

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